já me toquei que ando meio esquisita.
as coisas estão girando cada vez mais rápido,
mas é engraçado, eu ainda não sinto o enjoo.
graças a Deus!
😉
Nas sociedades primitivas, as refeições eram consideradas momentos em que apenas as pessoas que faziam parte da tribo participavam. Logo, alimentar-se é pertencer. Alimentar-se é dividir.
Ser aceito em um grupo é um certificado de pertencimento e compromisso.
Logo, alimento é participação, pertencimento, divisão e compromisso. Fazer parte, não apenas nutrir-se.
Minhas relações são permeadas por alimento. Na minha família, quando íamos à fazenda dos meus avos, havia farofa de ovo e carne de sol para o jantar, além do suculento bolo de puba. Sempre eram feitas duas assadeiras do bolo, um para nós e outro para o meu avô. Primeiro comíamos a nossa, depois subiamos no armário da despensa e pegavamos a assadeira com o bolo dele.
Na semana santa, nos reuniamos para ganhar os ovos da pascoa que minha avó nos dava e comiamos um banquete recheado com os melhores pratos. No mesmo ritmo, o natal, os aniversários e comemorações também foram marcadas por comida.
No domingo, adorava ir para casa de minha tia comer frango assado com macarrão e farofa… Quando eramos menores íamos todos para um restaurante, comer camarão a catupiry e matarmos os mais velhos de vergonha com a gritaria que faziamos… Os churrascos na casa de minha tia eram de impróviso, mas o peixe assado na brasa nunca me sai da memória…
Da mesma forma, outros grupos são marcados por reuniões gastrônomicas. Os encontros do antigo octeto (com a turminha da faculdade), os das maridas, as festas com os amigos do colégio, as reuniões no trabalho… Enfim, reunião de qualquer espécie – para mim – pede comidinhas saborosas.
Um encontro é um espaço de troca e assim, uma reunião para nutrir.
Almoços de domingo, reuniões em família, ovos da páscoa, ceia de Natal, jantar a dois, almoço coletivo, almoço de negócios…
Pensar nisso me faz sentir certo alívio. Somos uma sociedade desenvolvida, pós-moderna e globalizada. Por outro lado, estamos cada vez mais mergulhados no consumismo, na falta de amor, no imediatismo e no individualismo.
Assim, quando me deparo com certos rituais que ainda mantemos nestes dias pós-modernos, minha alma se assossega por encontrar algum ligação com nossas raízes.
ontem, vinte de julho de dois mil de dez, dia do amigo, relembrei de um tempo bem antigo.
quando criança, sempre estudei no mesmo colégio, tive os mesmo colegas e conhecia todos os funcionários da minha escola.
assim, meus grandes amigos de infãncia eram praticamente os mesmos desde o maternal. muitos permaneceram até o último ano e se mantêm presentes até hoje. outros mudaram de turma, de colégio, de cidade ou passaram a ferquentar outros grupos. entretanto, mesmo os que não fazem parte do meu cotidiano, são figuras vivas e alegres em minhas memórias, como parte de um tempo bom.
ontem recordava dos dias do amigo que vivi nos meus tempos de colégio. todos os anos, nós trocavámos cartinhas com letras miúdas e desenhos bonitos. todos os anos, organizavamos envelopes coloridos, frases carinhosas e uma dedicação intensa. cada envelope recebia o nome do remetente e um conteúdo lotado de querer bem. sem dúvida, essas eram as melhores lembranças do meu passado.
ainda guardo algumas das cartas, mas a melhor imagem é de um corredor cheio de amigos distribuindo e lendo essas cartinhas. ainda posso lembrar o sabor daqueles momentos e meu mundo hoje – mais crescido – ainda guarda um pouco daquele alegria de menina.
mesmo atrasado, desejo um feliz dia do amigo aos meus.
estes companheiros ao acaso que a vida nos deu para termos a quem pedir uma mão quando tudo parece impossível.
🙂
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra
(drummond)
*
(…)E no meio das minhas pedras, outros caminhos.
entre todas as coisas,
entre todos os lugares,
entre todos as esquinas,
uma única pergunta lhe inquietava a alma e o coração.
de certo, todas as respostas chegariam
mais do que certo, tudo passaria
e ela, no seu canto apenas perguntava:
– demora?
e entre todas as coisas, a resposta que surgia não cabia dizer.
e entre todas as coisas, ali ela estava.
mais uma vez.