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O alimento nosso de cada dia.


Nas sociedades primitivas, as refeições eram consideradas momentos em que apenas as pessoas que faziam parte da tribo participavam. Logo, alimentar-se é pertencer. Alimentar-se é dividir.

Ser aceito em um grupo é um certificado de pertencimento e compromisso.

Logo, alimento é participação, pertencimento, divisão e compromisso. Fazer parte, não apenas nutrir-se.

Minhas relações são permeadas por alimento. Na minha família, quando íamos à fazenda dos meus avos, havia farofa de ovo e carne de sol para o jantar, além do suculento bolo de puba. Sempre eram feitas duas assadeiras do bolo, um para nós e outro para o meu avô. Primeiro comíamos a nossa, depois subiamos no armário da despensa e pegavamos a assadeira com o bolo dele.
Na semana santa, nos reuniamos para ganhar os ovos da pascoa que minha avó nos dava e comiamos um banquete recheado com os melhores pratos. No mesmo ritmo, o natal, os aniversários e comemorações também foram marcadas por comida.
No domingo, adorava ir para casa de minha tia comer frango assado com macarrão e farofa… Quando eramos menores íamos todos para um restaurante, comer camarão a catupiry e matarmos os mais velhos de vergonha com a gritaria que faziamos… Os churrascos na casa de minha tia eram de impróviso, mas o peixe assado na brasa nunca me sai da memória…

Da mesma forma, outros grupos são marcados por reuniões gastrônomicas. Os encontros do antigo octeto (com a turminha da faculdade), os das maridas, as festas com os amigos do colégio, as reuniões no trabalho… Enfim, reunião de qualquer espécie – para mim – pede comidinhas saborosas.

Um encontro é um espaço de troca e assim, uma reunião para nutrir.

Almoços de domingo, reuniões em família, ovos da páscoa, ceia de Natal, jantar a dois, almoço coletivo, almoço de negócios…

Pensar nisso me faz sentir certo alívio. Somos uma sociedade desenvolvida, pós-moderna e globalizada. Por outro lado, estamos cada vez mais mergulhados no consumismo, na falta de amor, no imediatismo e no individualismo.

Assim, quando me deparo com certos rituais que ainda mantemos nestes dias pós-modernos, minha alma se assossega por encontrar algum ligação com nossas raízes.

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Uma resposta em “O alimento nosso de cada dia.”

Muito bom…Vc fez com que relembrássemos momentos únicos, vividos na infância e até hj….Momentos de comilança….eu que o diga, minha família é exagerada….adoooro!!Salve Salve!!!

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