as vezes a vida acontece em um ritmo mais compassado do que o cerebro consegue processar. enquanto isso, vou voando por aí.
volto logo!
Apesar da reportagem do Correio pegar pesado na crítica, eu não tenho nem palavras pra dizer.
O show foi sensacional desde o início. Nunca vi tanta gente reunida pra um show e nunca vi tanta ansiedade dentro de mim. Na concha, como sempre, a plateia dá um banho e quando o coro cantou “O vencedor”. Porra! Foi foda. Nenhuma outra palavra definiria o momento: Foi F-O-D-A e ponto final.
Mas pior de tudo foi “Sentimental”. E eu, admirada com apenas as luzes dos celulares acesas, cá no meu canto escuro, chorava sozinha.
Não me importa muito se a banda vai voltar, se o Camelo desafina, se o repertório é batido, se Los Hermanos “não disse a que veio”, o que importa é o aperto no peito e as lágrimas saltando dos olhos. Porque, francamente, o que importa no fim é o que se sente.
(minha foto diz mais do que tudo)
“O quanto eu te falei?
Que isso vai mudar
Motivo eu nunca dei
Você me avisar, me ensinar
Falar do que foi pra você
Não vai me livrar de viver”
Desde o dia que se levantou a possibilidade, borboletas voavam no meu estômago.
Desde o momento em que se confirmou a verdade, a adrenalina se agitou no meu cérebro.
Desde a informação que as vendas começariam em tal dia, os planos se iniciaram.
Desde o momento terrível de não conseguir, entrei em pânico.
Então desde o dia que um amigo confirmou meu “passaporte”, eu espero.
Finalmente é hoje!
O dia do esperado Los hermanos.
Os dois meses de espera pareciam longos, mas enfim acabaram.
E desde a quarta ou quinta-feira, um dos meus vizinhos de prédio revisita todos os cds todos os dias.
Inclusive agora enquanto eu escrevo, o ouvindo ouvir “Adeus você”
Um fato: uma das minhas preferidas.
E hoje, mesmo gripada, sei que vou ter reações esperadas para o momento e inesperadas (cotidianamente falando).
“É bom…
Às vezes se perder
Sem ter porque
Sem ter razão
É um dom…
Saber envaidecer
Por si
Saber mudar de tom
Quero não saber de cor, também
Pra que minha vida siga adiante“
Eu poderia escrever de um tudo sobre Tropa de Elite 2. Poderia, inclusive, fazer uma análise teórico-filosófica-psicológica-humanista, o relacionando à realidade da vida. Eu poderia fazer tudo, mas talvez seja melhor descrever uma sensação.
Enquanto todas as pessoas (após calorosos aplausos) levantavam para ir embora, eu olhava para os lados questionando o próximo momento. O sentimento era de total alheiamento, simplesmente porque estava tudo ali, meus queridos! Era tudo real.
Sem falar na atuação de Wagner Moura (tão fada quanto a de Hamlet no TCA meses atrás), que dispensa comentários. E a genialidade do roteiro?
Enfim, como eu disse, poderia falar sobre tudo, mas o único comentario que me cabe nesse espaço é:
ao olhar para um dos lados procurando qualquer resposta para as mil perguntas do filme, eis que minha vizinha de cadeira se levanta e “esquece” o copo vazio de refrigerante no suporte da cadeira.
Alguém consegue imaginar a minha revolta?
Então batem palmas pra um filme foda, acham incrivel a podridão verdadeira que eles relatam e “esquecem” um copo ali?
No fim….
(suspiro)
É mais fácil fingir que o filme é a realidade do Brasil, desprezando que você – e todos nós, inclusive minha vizinha de cadeira – faz parte desta podridão.
ok, vamos em frente.
Ontem, no meio do meu sono (que não anda nada restaurador), recebi uma noticia nada (nada, nada, nada, nada) boa. Parece que uma coisa puxa a outra como um imã que vai arrastando tudo (e mais um pouco) do que vê pela frente.
A saída é se segurar onde pode.
As vezes eu, sinceramente, me pergunto: Onde tudo isso acaba?
E, ainda mais sinceramente, eu entendo: Tenho medo das respostas.
(o que é muito diferente das dúvidas as quais me habituei).
Existem cenas inesquecíveis em nossa vida, um fato.
Um dia desses, eu estava procurando uns filmes para baixar e por acaso encontrei o “Sempre amigos“. Eu não me lembrava muito bem da história, mas sabia que era lindo.
Bom, não vou entrar nos detalhes da trama agora, mas lembro que eu o assiti com minha mãe na Globo e o adorei. Foi a partir dele que eu comecei a me interessar pela Lenda do Rei Arthur e fiquei viciada nas “Brumas de Avalon” (essa foi outra parte esquisita da minha vida, acredito, até hoje conheço poucos seres humanos assim).
Hoje á noite, no apice do tédio, sentei outra vez para rever “Esquisito, o corajoso”.
(…)
…meus olhos ainda estão inchados demais para explicar.
Enquanto finjo que não tenho pós o dia inteiro, saiu em disparada pela internet.
Então o restart foi vaiado no VMB e o Justin Bibier está cansado do assédio de fãs?
Ok.
E falar o que pra esse povo?
Quando eu era adolescente gostava no CBJR e do CPM 22 (ok, assumo meu lado emo). Adorava as músicas e a forma como elas pareciam ter sido escritas para mim (afinal, eu era adolescente), mas agora as coisas sinceramente me assustam. Eu não apenas gostava disso, vale ressaltar, mas ouvia Legião, Paralamas, Capital dentre outras e some-se a isso a MPB. (Fato: eu era uma adolescente estranha que ouvia os cd´s de minha mãe.)
Mas agora quando eu vejo cantores de happy rock (?!?) e guris com cara de menina (como diz o Felipe Neto), eu me pergunto onde vamos chegar. O que será da geração internet com baixa tolerancia a frustação e adeptos a modinhas sem fundamento? Não posso desconsiderar que adolescentes precisam de certas coisas pra se desenvolver e moldar suas lentes sobre o mundo, mas eu tenho medo do futuro. Ninguém pode negar.
E no fim, antes de levantar e me forçar a sair, eu encontro noticias que me aliviam a alma. Casamento de pinguins é uma atração muito melhor do que gostar de um carinha de cabelo liso que canta uma música chiclete ou de uns guris com calça fluor.
Eu sei, gosto não se discute, mas eu gostava muito mais dos adolescentes dos anos 90.
– não ter compromissos sabadinos
– brincar com a dinda até umas horas
– passar uma tarde boa com o noivo-rido
– rir de boagens com a irmã mais velha
– abraçar minha velha e boa mãe
…e depois de um quê de subversão:
– usar palavras de baixo escalão para extravasar emoções genuínas
– explodir, pura e simplesmente
– não ligar para o ideal de mocinha comportada
– desligar-me de certos assuntos denominados “compromissos”
e no fim do dia, após uma ou duas roskas, tomar um banho de chuva para lavar a alma e acalentar meu pobre coração sensivelmente maltratado.
hoje perdi o prazo de um concurso de literatura que eu sonhava em participar e me dou conta a cada dia mais que uma mania – que antes era estatégia de enfrentamento e se tornou uma bela companhia – está se soterrando em mim diante do mundo confuso que eu me defronto quando o mundo interno já não é o único caótico. diferente do que achava quando sentava na minha janela há mais de dez anos buscando nas linhas escritas uma série de respostas que ninguém se preocupou em me fornecer.
o fato de eu ser cada vez mais adulta agora, me faz deixar de esperar as respostas que os outros deveriam me dar – independente de me fornecerem ou não na realidade – porque eu entendo que agora as respostas são minhas, mesmo que elas sejam repletas de tantas vozes alheias que existirem em mim.
o fato de sentir minha escrita enterrada entre os prazos, as contas, os módulos da pós, os livros (que eu devo, mas não leio), os pacientes e um mundo meio novo meio já conhecido, me faz questionar mais algumas milhões de certezas que se tornam – sabiamente – incertezas.
refúgio já não me é mais possível, mas eu me pergunto:
para onde vai minha escrita que nasceu diante de uma pesada sensação e hoje, se configura como uma possibilidade de me encontrar cada vez mais, em mim?
(fato: convivo cada vez melhor com as dúvidas)