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Segunda-feira.

Na verdade, ando buscando entreter meu cérebro com coisa útil. Eis a lista de hoje.

1 – Grupo de estudo em plena segunda-feira de manhã.

2 – Lições sobre pessoas e conteúdos.

3 – Trabalho.

4 – Coluna do Bruno Medina e seus textos divertidissimos.

5 – Coluna do Luciano Trigo e suas curiosidades sobre literatura.

6 – Texto do Luciano Trigo sobre best-sellers. Esquisito pensar que no mundo capitalista é sempre “uns com tanto, outros com tão pouco”.

7 – Outro sobre Foucault. Um companheiro dos meus cinco anos de psicologia.

8 – No artigo sobre Foucault (citado acima) achei a frase de Paul Veyne: “os discursos são as lentes através das quais, a cada época, os homens perceberam todas as coisas, pensaram e agiram; elas se impõem tanto aos dominantes quanto aos dominados.” Então me sinto satisfeita porque o mundo está cada dia mais construcionista social.

9 – Discussão sobre a lei da carga horária da Psicologia.
PSI – As 30 horas interessam apenas aos psicólogos?
Rogério Giannini – Não, essa não é uma questão de caráter meramente corporativo. Quando se regula jornada está se falando de condições de trabalho. Não se trata, simplesmente, de “trabalhar menos” ou de “aumentar postos de trabalho”. O fato é que há profissões nas quais o prolongamento da jornada acarreta perda da eficiência. Trabalhar mais de seis horas por dia, em condições que exigem elevada atenção intelectual, como é o caso do psicólogo, leva a isso. O que remete à questão da qualidade do serviço prestado à população. Essa qualidade precisa se manter uniforme do começo ao fi m da jornada. É por esse motivo, por sinal, que o Sistema Conselhos de Psicologia se manifesta sobre a questão. Porque é dever da entidade zelar pela qualidade no exercício da profi ssão.

10 – Por fim, eu realmente me pergunto: isso tudo ou BBB11?
(com todo o respeito à liberdade de escolha!)

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dezoito de março.

Não adianta procurar semelhanças. Não parecemos nada, nada uma com a outra. Cabelos, olhos, boca, nariz, nada. Muito menos personalidade, manias, ou qualquer um destes. Uma loira, outra morena e um DNA compatível, não muito mais do que isso.
Ao mesmo tempo, filhas do mesmo pai e da mesma mãe, nascidas na mesma cidade, com os mesmos tios, primos e avós. Quando pequena, ela dizia que eu era adotada. Ao seu favor contava o fato de minha mãe e ela serem muito parecidas. Sobrava para mim que acreditava mesmo que eu tinha sido achada no lixo.
Hoje, o dia do aniversário dela, me faz falta não ter lhe dado aquele abraço apertado e um beijo de parabéns, sinto saudades das piadas e das bobagens dela.
Não moramos mais no mesmo endereço, nem isso temos mais em comum. Não dividimos as roupas, assim como as caronas no fim do dia se acabaram. Não discutimos sobre bobagens cotidianas, não assistimos mais BBT juntas, falta aquela disputa diária pelo computador…
Ainda não aprendi a falar um monte pra ela e quando tento, sai meio torto, ainda não sei exatamente como dizer certas coisas, mas a gente vai aprendendo.
Sei, no fim, que não importa muito distância, cor de cabelo ou qualquer semelhança, somos irmãs e isso basta. Podemos não ter os mesmos gostos, mas volta e meia me vejo usando as gírias dela e fazendo os mesmo gestos com as mãos. Sorrio sozinha nesse momentos e sinto ainda mais saudade.
Neste dia, dezoito, tudo o que queria desejar a ela e o maior presente do mundo não seriam suficientes para dizer tudo. Estamos longe, eis um fato, mas as vezes acho que isso nos aproximou de alguma forma.
Gosto muito de saber que não estou sozinha, que existe ali alguém que cresceu comigo e conhece minha história. Irmão mais velho tem a função de nos ensinar um monte na vida e aprendi um monte com ela, mesmo que as vezes eu me sinta a mais velha e ela a caçula. Hoje, falta o abraço, mais sobra o carinho. E algumas piadas, claro, todo esse jeito nosso de dizer “amo você”.
Feliz aniversário, malucona.
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lembrete.

– ei, coloque-me lá no alto, onde ela possa ver.
– aqui?
– um pouco mais acima, por favor.
– aqui?
– está bom. obrigado.
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Nenhum outro lugar.

As janelas passavam por todas as arvores prostadas ao longe na avenida quase deserta, apenas ele vivia a imaginar que elas não estavam. Os trilhos corriam nas rodas do grande carro a 100 km/h, enquanto o mundo girava no encalço do sol escaldante. 30 graus no asfalto quente da estrada e apenas 20 e tantos no frio ar condicionado do motor. Enquanto a estrada cruzava cidades, seu cerebro cruzava as avenidas da própria verdade, alucinando detalhes absurdos de um enredo que ele sabia de cor.

Seu sonho não era extamente ser uma celebridade, um pop star, um cantor famoso, um galã de novela das oito ou muito menos um sexy simbol. Em seus pensamentos, versavam apenas as condições óbvias de sobrevivência: casa, comida e roupa lavada. E lá no céu, a esperar, o sol escaldava a vida enquanto o ventro frio arrepiava seus cabelos.

Ele não queria estar em nenhum outro lugar que não aquele, na estrada, rumando, traçando rotas e cruzando quilômetros sem fim. Ele não queria estar em mais nenhum lugar que não na poltrona confortável e fresca de um ônibus interestadual que o levaria a apenas um lugar: olhos azuis piscina e boca sabor cereja.

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Minutos de Sabedoria

Aries – Sábado, 12 de março de 2011

Hoje Urano entra em seu signo e uma nova fase começa definitivamente em sua vida. A união desse planeta com mercúrio e Júpiter promove mudanças e decisões radicais envolvendo o rompimento com tudo o que não faz mais sentido.

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fragmentos de retrato.


ando procurando respostas em cantos em que vivem apenas os seres inábeis, aqueles que sussurram para si, sem se importar com o mundo, vivendo porque viver é quase uma insuportável obrigação. ando procurando respostas para pessoas que rodam e rodam sem buscar mudar o que a vista alcança, apenas tateando às cegas enquanto mais um dia vem, mais uma noite se vai.

*

o mercador subiu o morro mais uma vez. vestido com o seu melhor terno, com os velhos sapatos muitas vezes engraxado e com seu chapéu roto, ele carregou suas bugigangas enquanto se arrumava para mais um novo dia de trabalho. reunidos, todos os pertences se amontoavam delicadamente em um grande saco de algodão e subiam o mesmo morro que o velho homem. no seu lugar, ele espalhou pelo balcão as conhecidas peças com as quais conviveu por anos, um batido conjunto de palavras bonitas e repletas, carregadas de multiplos significados e inúmeras interpretações. “vendem-se metáforas” dizia a placa e o mercador se despedia, repleto pela saudade das suas palavras, carregados com as dores com as quais ele mesmo convivia.

*

seria mais simples dar a cara para bater sem medo do escuro, ou pular no mar profundo sem se preocupar se aquele metro quadrado aquático faz parte ou não da rota de fuga de tubarões. seria mais simples se refazer de si mesmo e assim, ser outro. mas não é. e porque não é, não é possível. entenda apenas uma mísera coisa: a vida é assim e nós vamos tentando, até o dia que tudo isso faça uma migalha a mais de sentido.

*

dizer adeus é troço esquisito demais. e mesmo que não morra, dizer adeus é como morte. deixar para trás é tarefa estranha nesse mundo insano e divino. nunca se sabe a hora, o próximo, o futuro, nunca se sabe nada sobre o que não se tem. e assim, se vai. foi. adeus.

*

ando cuspindo palavras tortas em busca de acalmar meu ser. ando meio trôpega, mesmo após umas férias santas em territórios desconhecidos que hoje são apenas confortáveis lembranças. ando assim, tentando, para que um dia alguém me olhe nos olhos e diga: “acabou, querida, você pode descansar agora”. ando tão cansada e tão desgastada que eu só queria que alguém dissesse: “você não vê? ela está tentando. tenha dó! pelo menos finja que faz sentido”. ando lutando demais e gastando a reserva de mim, imaginando o dia, aquele dia comum sem atrativos em que a felicidade não será constante, mas que a terra seja firme e as palavras mais minhas.

*

enquanto as minhas não chegam, leio outras:

ei, eu te entendo. sei como é difícil. machuca.

você fica feliz de vê-la chorar, mas sente culpa. e depois vem um vazio. e aí você preenche com tudo isso de novo. ou dá um tempo e corta o cabelo, ou faz e desfaz suas luzes. ou coloca um monte de fotos no facebook pra mostrar o quanto foi feliz em frente da câmera nova. e continua um vazio. que você preenche com radiohead ou revista de fofoca. com discussões sobre nietzsche ou contos das suas intermináveis aventuras na night. e você enche a cara e se sente livre. grita que se acha incrível atravessando a faixa de pedestres no meio da madrugada. e depois cai no choro. anonimamente. eu sei.

pés de amora.

foto.

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novo, novo!


queria ter um daqueles trejeitos esquisitos,
ganhar casa própria e carro na garagem,
subir montanhas e destacar minhas bandeiras,
realizar sonhos terceiros,
conjugar novos verbos,
girar rodas das fortunas,
cruzar os dedos,
encaminhar pássaros perdidos em suas rotas de migração,
conhecer os quatro cantos do mundo,
aventurar meus rumos,
refazer idéias,
avançar anos,
reviver meus mais lindos flashbacks,
premiar um livro,
sentir a grama fresca e macia entre meus dedos,
realizar promessas minhas,
galgar degraus,
parir minhas crias,
arrumar meus cantos,
reunir meus amigos,
tocar minha gaita,
afinar um violão,
subir,
descer,
como as ladeiras de olinda.

acabou o carnaval,
um ano novo aê,
vem 2011,
como deve ser.

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todo carnaval tem seu fim.

No hero in her sky

foto.

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me deixa ver como viver é bom…


e é porque eu poderia ser feliz de qualquer jeito – socióloga ou jornalista, médica ou advogada, chef de cozinha ou secretária executiva – que me perco tanto. faço da vida labirinto.

em: Pes de Amora

foto: Ellie Niemeyer

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vida?

é, dói, mas a gente vai levando.