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asas.


as vezes sinto falta de exercitar meus dedos na corrida frenética, buscando explicações. comumente sinto uma espécie de sindrome de abistinência que descamba para um sentimento trôpego de saudade e falta. sinto falta dos meus dedos se agitando nos teclados, das minhas palavras entendendo a minha confusão e da minha forma esquisita, poética e ainda mais minha de transformar, minha forma de encontros em mim.
as vezes sinto falta das minhas palavras todas, da minha desordem cotidiana, do meu tempo vago, da minha insensatez constante e dos meus dedos frenéticos e incansavelmente dispostos a exorcizar toda uma espécie de demônios.
sinto falta da minha escrita (e dos meus atos automáticos em escrever o que eu ainda não sabia).
sinto falta daquela alegria boba de escrever um texto, enviá-lo à bf, aguardar ansiosa o seu retorno, reler uma, duas, três vezes. sinto falta até de não reconhecer a beleza e alguma soma de dias depois, lê-los curiosamente espantada comigo mesma.
assim, sinto falta de uma parte de mim que, por muito, me foi especial, forte e sobrevivente. sinto falta da menina com olhos tomados de sustos e dedos repletos de determinação.

mas para existir saudade, um dia existiu presença…

as vezes, tambem me assusto com o que vejo, com o que se sucedeu ao dizer adeus aos dedos frenéticos, à mudança das estações que lançaram novas sementes nos campos. as vezes ainda me surpreendo com minha voz, meu tom, meu isso e aquilo e mais um pouco e mais um tanto e todas as verdades e todas as possibilidades e também os meus receios.
sinto falta da minha escrita, como um filho que deixou o ninho e partiu para voar mais alto e sinto um susto novo a cada dia pois ao deixar a escrita voar, voei também para longe.

sinto falta do que eu era, dos dedos, das trocas de emails com a amiga querida, dos comentários, dos risos e das lágrimas, dos sucessos, dos espantos, dos desenrrolares, das bobagens, daquela menina que um dia se sentava na janela, da mulher que se sentava ao computador.

dizer adeus a quem um dia foi presença tem essa forma esquisita de vazio compreensivo, a gente quer deixar bater asas e voar, ao mesmo tempo em que quer ter por perto para sentir o calor protetor ali com a gente.

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