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sobre o que ficou saudade.


Soube agora a pouco que uma grande e queridíssima professora faleceu. Seu nome era Mercedes Carvalho e ela foi uma das pioneiras da psicologia baiana. Dona de uma personalidade forte e destemida, me ensinou muito sobre coisas do mundo psi e de outros tantos.

O sentimento que nutria por ela era de completa admiração do ser humano. Durante um ano e meio freqüentamos o Nordeste de Amaralina para ensinar idosas através do método Paulo Freire. Eu adorava esse projeto e ela também. Aos 70 e tantos anos, não se intimidava quando os conflitos entre traficantes e policia estava mais acentuado. Dizia simplesmente que não tinha medo da morte.

Por baixo daquela mulher às vezes rígida existia um ser humano no melhor sentido da palavra. Sempre respeitei o poço de conhecimento que ela era e adorava quando ela me chama de “Marilhinha”. Adorava suas histórias sobre sua longa vida e detestava o behaviorismo. Ela sabia daquilo, ela era amante declarada de Skinner, mas respeitávamos nossas diferenças. Aos poucos, descobri a sistêmica, com sorte, nunca perdi Mercedes na minha vida.

No meu último semestre, Mercedes foi desrespeitosamente demitida da Faculdade Ruy Barbosa e comigo, levei a decepção de uma faculdade que zelava pelo clima “familiar”. Éramos poucos no turno matutino, apenas a Psicologia e o Direito e este era um dos motivos de eu adorar a Ruy. Os professores eram os melhores e Mercedes ocupava um local de quase coordenadora. Com ela eu me sentia a vontade para deixar clara minhas opiniões sobre tudo e aprendi tanto e tanto que a destaco como minha professora mais importante nos meus 5 anos de graduação.

No ano que vem teríamos sua aula na pós-graduação, estava ansiando para reencontrá-la já que um ou dois momentos que programei com outros colegas do estágio do Nordeste para visitá-la, não se concretizaram. Ainda não sei o que houve com ela, mas como estou no interior, não poderei ir para seu enterro.

O adeus a Mercedes Carvalho hoje é um exemplo claro daqueles momentos em que nos sentimos tristes por não ter feito algo, por não ter dito algo. A última vez que a vi foi na minha formatura, quase dois anos atrás. Tenho fotos com ela e uma delas é um abraço lindo. Logo depois da formatura, lhe mandei uma carta com minha foto e um bilhete, não me recordo mais o que escrevi, mas estava lhe agradecendo por tudo. Por tudo que fez e pelo quanto acreditou em mim.

Não era fã de Skinner, nunca entendia bem reforço negativo ou certos pontos behaviorista, mas era uma fã declarada da professora Mercedes. Sempre a levarei comigo, como uma das figuras pioneiras da psicologia e muito mais, como uma das figuras importantes em minha vida. Nunca esquecerei nossas aventuras no Nordeste, nossas supervisões, seu amor pelas velhinhas, seu amor pela psicologia e por seus alunos.

Ainda me divirto hoje ao recordar suas discussões sobre Behaviorismo com Drica enquanto as aulas não começavam, ainda lembro do seu rosto bonito e do seu sorriso caloroso. Mas, hoje, ao saber da notícia, sinto falta daqueles abraços gostosos que nunca mais receberei e que com certeza, sentirei falta para todo o sempre. Adeus, professora.

6 respostas em “sobre o que ficou saudade.”

Devemos agradecer o privilegio de sermos alunos e orarmos para essa passagem do plano físico para o espiritual ser sereno e ela receber vibrações de amor e acolhimento Nos esquecemos que Deus é que faz a nossa agenda,estudamos tudo mais não estudamos a morte agimos como criança no jardim de infância ainda A morte nos amedronta por isso ainda é temida.Digo isso porque no ultimo dia de aula que apresentei o projeto a Professora Mercedes,pedir que ela desse sua opinião se até ali estava bom e ela me respondeu deixe para o próximo ano Claro ansiosa que só na ultima quinta-feira dei continuidade na pesquisa e não vou parar.Tenho certeza onde ela se encontrar vai está presente nas nossas vidas. A VIDA CONTINUA…. Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei. Allan Kardec 1804 – 1869 ..

Ela foi a professora de maior referência pra mim na faculdade. Com ela aprendi a amar o behaviorismo (naquele momento, no 4º semestre, sem compreendê-lo direito ainda), desejei ser como ela e senti muita saudade dos momento que ela solícita, sempre esteve disponível para discutir um assunto, opinar sobre algo ou criticar com sabedoria; argumentando lindamente sobre quase todos os assuntos… Por diversas vezes lamentei pelos alunos que entraram na Ruy após sua saída, sem terem o privilégio de ter suas vidas marcadas por um momento com ela.Segue a vida, sem uma das personalidades mais marcantes e sábias da história da psicologia; que viverá para sempre em nossos corações.

È emocionante ver a sua descrição sobre a professora mercedes,eu concordo plenamente com suas palavras e ainda acrescentaria muito mais,pq palavras são poucas para definir a mulher que ela representa para todos nos que a conhecemos,o falecimento dela nos deixa saudade e tambem um grande exemplo de psicológo,ontem a psicologia teve uma enorme perda,pq ng jamais irá substituila….Mas ela estar agora mais perto de Deus intercedendo por nós.

O que houve com a pró Mercedes? Aquela vitalidade, aquele amor pela Ruy, pelo Nordeste de Amaralina e sua clientela? Aquela elegancia a cada dia da semana, com seus vestidos coloridos, respresentando o orixá do dia; aquela euforia e tesão durante as discussões das diversas correntes da psicologia, incluindo aí, de certo, a psicanálise. Soube do triste episódio no dia 22 de janeiro e ainda me encontro em estado de increduliddae, chocada. Parece que o mundo do trabalho ajudou bastante a definir o seu tempo de vida e, assim, comprovar mais uma vez como ele, o trabalho, do mesmo jeito que contribui para a saúde mental e física do sujeito, ele esmaga, adoece e mais, provoca uma morte triste ou entristece o sujeito na sua forma de morrer. Isabel Reis

Má, por incrivel que pareça eu só soube do falecimento de Mercêdes nesta última sexta. Li a noticia umas cinco vezes, mas ainda não estou acreditando. Estou extramamente triste.Me arrependo de não ter me encontrado com ela depois que a faculdade terminou e de não ter dito a ela o quanto eu a admirava.Como você também me lembro dela contando suas histórias e das discussóes que tinha com ela e rio sozinha.Um abraço.

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